Hoje é o meu dia sim, daqueles que passamos dias, semanas, meses sem os ter. E não precisei de elementos palpáveis, provas físicas ou acontecimentos inéditos. Apenas precisei se viver e de sentir, como há muito não o fazia. Inspirar e expirar calmamente e sorrir por dentro. Não me custou arrancar o corpo preguiçoso da cama nem lavar a cara ensonada com água gélida. Estava pronta a tempo e horas o que evitou que tivesse de acelerar o passo, caminhando calmamente sobre as pedras da calçada. Trabalhei, pratiquei e trabalhei, para meu grande espanto, sem me cansar. Era capaz de ficar naquilo o dia inteiro que a minha respiração continuaria tão serena como esteve até então. Sorri e soltei gargalhadas de mim para mim. Há dias em que a alma nos rebenta não mãos e há dias assim. O tempo é o melhor restaurador de almas.
(Tudo tem conserto.)
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